010.09 – O ESQUECIMENTO (vantagens e inconvenientes)
A mente humana é um órgão espectacular e ao mesmo tempo muito complexo. O esquecimento é próprio do ser humano; afecta mais aos idosos, mas os jovens também não ficam imunes. Uma das formas de combater o esquecimento, é treinarmos dia a dia a nossa mente.
Graças a Allah Subhana Wataala, temos a capacidade de esquecer com alguma facilidade, senão estaríamos ainda hoje a chorar as mortes dos nossos familiares ocorridos há varias décadas. Essa é a vantagem, de deixarmos para trás as desgraças e os maus momentos vividos. No entanto, por vezes, o passado deve ser relembrado, para corrigirmos o presente e o futuro.
Quando acompanhamos algum funeral, nessa ocasião, aproveitamos para lembrar que um dia seremos nós a sermos acompanhados. Por isso, se tivermos por hábito acompanharmos os funerais dos nossos amigos e familiares falecidos, Allah Subhana Wataala recompensará a eles e a nós também. Este bom hábito ajudar-nos-á a lembrar que é para lá o nosso destino final e isso ajudar-nos-á a interrogar-nos: “estamos a preparar esse caminho?”. Claro que não é para vivermos sempre obcecados com a morte, porque é na vida que se prepara a passagem para o Aquirat.
Se alguém tem por hábito, ao falar com os outros, acrescentar palavras feias, então a sua mente estará sempre a “debitar essas palavras”, mesmo em pensamento.
Por isso, a nossa mente deve estar treinada para aquilo que achamos bom para nós e para os que nos rodeiam.
Mas por outro lado, aqueles que têm por hábito a constante prática do bem e da recordação de Deus, quando forem afligidos por dificuldades, encontrarão Nele, a necessária ajuda e tranquilidade. Muitas vezes, o nosso Protector, envia-nos as doenças e as dificuldades para nos por à prova.
Exemplo de um dos inconvenientes do esquecimento: acontece com alguma frequência que os ayats (versículos do Cur’ane) que recitamos quando fazemos as orações, estarem incorrectos, porque com o tempo, acabamos por omitir uma parte, que pode modificar por completo o sentido das palavras. É um bom hábito, pedirmos a alguém (não devemos ter vergonha), para nos ouvir, com vista às eventuais correcções. Por exemplo, uma das partes que recitamos nas orações e que muitas vezes podemos nos enganar, é o duá de “Kunut”, utilizado no terceiro rakat do salat Witr.
Abu Mussa (Radyialahu an-hu) contou que o Mensageiro de Allah (Salalahu Aleihi wassalam) disse: “Preservai o sagrado Cur’ane em vossos corações e praticai a sua recitação e memorização! Juro por Quem tem a alma de Muhammad em Suas mãos, que o Cur’ane é mais difícil de conservar na memória do que se manterem atados os camelos.” (Bukhari e Muslim).
Ibn Omar (Radyialahu an-hu) narrou que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O caso de quem memoriza o Cur’ane é parecido com o caso de um camelo: se o preservarmos e cuidarmos dele, o reteremos; caso contrário, escarpar-nos-á”. (Bukhari e Muslim).
A memorização referida nestas duas passagens é extensiva para aqueles que não são Hafejes Cur’ane, mas, que decoraram alguns versículos para as suas orações.
O Cur’ane e as tradições do nosso Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), fazem muitas referências acerca das virtudes para progredirmos intelectualmente.
Allah Subhana Wataala, refere no Cur’ane: “Podem ser iguais os que sabem e os que não sabem?”.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin” “E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem”. Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Allah, Senhor do Universo!”. Cur’ane 10.10.
Abdul Rehman Mangá