019.01 – ABU HURAIRA (Radiyalahu an-hu)
Ao consultar o livro “Fazail- E-Amaal – As Virtudes das Acções”, deparei com uma passagem de Abu Huraira (Radiyalahu an-hu). Lembrei-me dos inúmeros hadices que eu e muitos outros milhões de muçulmanos vamos ouvindo ao longo dos anos, que começam assim: “Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), qala qala Rassululah (Salalahu Aleihi Wassalam)… – Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) reportou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse……
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), foi um eminente companheiro do Profeta e o que mais transmitiu hadices (ditos do Profeta), apesar de só ter convivido 4 anos com ele. Tinha uma memória excepcional, que lhe permitia decorar e transmitir os hadices, sem deturpar o seu significado. Abu Huraira, cujo nome inicial era de Abdul Shams – servo do sol, pelas mãos do chefe da sua tribo, compareceu junto ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) para converter-se ao Islam. O Profeta mudou-lhe o nome para Abdul Rahman – Servo do Misericordioso. No entanto, continuaram a chamar-lhe de Abu Huraira – Pai dos Gatos, pela dedicação e carinho que ele tinha pelos gatos. Do sétimo ano depois de Hégira até ao décimo primeiro ano de hégira (data do falecimento do Profeta), permaneceu ao lado do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), vivendo na mesquita, recebendo pouca comida proveniente da caridade e ofertas (Era considerado Ashabe Suffah – aqueles que não tinham meios de subsistência, hospedes de todos os muçulmanos e que ficaram à responsabilidade do Profeta). Passava muitas vezes fome, ficava com espasmos, ao ponto das pessoas pensarem que ele sofria de epilepsia. No entanto, ao contrário dos outros companheiros do Profeta, os Muhajir (chegados a Madinah) que estavam ocupados nos seus negócios e os Ansár (residentes de Madina) que se ocupavam da agricultura, ele permaneceu todo aquele tempo na companhia do Profeta (Salalahu Aleihi Wssalam), permitindo-lhe assim, ouvir e decorar tudo o que o Profeta referia ou transmitia às pessoas.
Abu Huraira (Radyialahu an-hu), a esposa e a filha passavam a noite, alternadamente, praticando orações facultativas. No início, viveu uma extrema pobreza, mas depois viu melhores dias nos últimos anos da sua existência.
Os companheiros do Profeta, ficavam fascinados com a capacidade de memória e a preocupação dele em ensinar os hadices e os ensinamentos do Isslam. Alguns ficaram desconfiados. Uma vez, para testar a memória dele, Marwan Ibn Al-Hakam, mandou um escriba desconhecido de Abu Huraira ficar escondido e escrever tudo o que Abu Huraira transmitia. Um ano depois, foram ter com Abu Huraira e pediram para recitar o mesmo hadice que o escriba tinha registado. Não encontraram qualquer diferença nas palavras dele. Outra passagem ocorrida após a morte do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), Abu Huraira referiu que se uma pessoa participar num funeral e após da oração fúnebre se retirar, receberá a recompensa de um “Qirát”. Se permanecer até terminar todo o acto fúnebre, então receberá a recompensa de dois “Qiráts”. (Um Qirát, é maior do que a montanha de U’hud). Abdullah Ibn Umar (Radiyalahu an-hu) desconfiou da veracidade deste hadice, pelo que Abu Huraira ficou transtornado e muito triste com esta atitude. Para confirmar este dito, levou Abullah Ibn Umar e foram ter com Aisha (Radiyalahu an-há), que confirmou ter ouvido este hadice do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam).
Mais tarde, o Califa Umar (Radiyalahu an-hu), nomeou Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) para assumir as funções de governador de Bahraim. Com o tempo, acumulou alguma riqueza e a notícia chegou ao conhecimento do Califa. Umar (Radiyalahu an-hu) levava uma vida muito simples, apesar do seu estatuto de Amir al-Muminin (Chefe dos Crentes). Não possuía quaisquer bens e incutia também esse estilo de vida aos restantes companheiros. Era muito crítico para quem acumulasse riqueza, mesmo merecida, pois entendia que todos os bens deviam ser entregues à comunidade. Pensando que Abu Huraira tivesse acumulado a riqueza por meios ilícitos, mandou-o regressar a Madinah. Perguntou-lhe como obtivera a riqueza, tendo obtido a resposta de que foi através da criação de cavalos e das ofertas que lhe fizeram. O Califa Umar, ordenou-lhe que entregasse tudo aos cofres do estado. Assim fez Abu Huraira e levantou as mãos ao céu e pediu a Deus: “Ó Senhor, perdoa o Amir al-Muminin”.
Depois Umar pediu-lhe novamente para regressar a Bahraim como governador, mas ele negou, argumentando: “Assim a minha honra não será manchada, nem a minha fortuna será tomada”.
Abu Huraira continuou a ter uma vida exemplar, muito gentil para com a sua mãe, recomendando às pessoas para serem respeitosas para com os seus parentes. Uma vez ao deparar-se com dois homens (um pai e um filho) caminhando juntos, aconselhou ao filho: “Não chames o teu pai pelo nome. Não andes à frente dele. Não te sentes antes dele se sentar.”
Abu Huraira (Radialahu an-hu), relata que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: a) – “Não há nenhum lugar no Islam para a pessoa que não estabelece a oração e não há oração sem o wudú (ablução). b) – De todas as acções, a primeira a respeito da qual será questionada no Dia do Julgamento, será a oração. Se for bem-sucedida, terá o sucesso e felicidade. Caso contrário, terá o insucesso e desgraça”.
Na pesquisa que efectuei à vida e obra de Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), que permaneceu durante 4 anos na companhia do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), deparei com 3 milagres relacionados com a sua vida pessoal.
Primeiro – Depois de se converter ao Isslam, Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), ainda solteiro, tentou convencer a mãe para também se converter, mas sem resultados. Ele desejava ardentemente que a sua mãe também se tornasse uma crente. Uma vez pediu a ela para reconhecer a Allah e ao seu Profeta, mas ela além de recusar, proferiu algumas palavras sobre o Profeta que o deixaram triste. Foi ter com o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), com os olhos cheios de lágrimas, foi lhe perguntado os motivos de tanta tristeza. Então Abu Huraira contou o sucedido e solicitou ao Profeta para pedir a Deus para ela se inclinar para o Islam. Assim fez o Profeta, que orou pela sua mãe. Quando Abu Huraira regressou à casa, encontrou a porta fechada e mãe pediu-lhe para esperar enquanto ela acabava de tomar e banho e mudar de roupa. Depois, a mãe abriu a porta a disse ao filho: “Testemunho de que não há outra divindade senão Allah e que Muhammad é o seu mensageiro”. Com a alegria a transbordar do seu coração, foi ter com Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), informando-o das boas notícias, pois Allah tinha ouvido as suas preces.
Segundo – Como já foi referido, Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), tinha uma memória excepcional para decorar e transmitir os ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Mas um dia ele lamentou-se junto do Profeta (Salalahu Aleihi wassalam) de que estava a ter dificuldades para decorar os ditos do Profeta. Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) mandou-lhe estender o seu xaile e fez alguns sinais com as suas próprias mãos. Depois mandou Abu Huraira embrulhar-se no xaile. Depois disso, Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) disse de que nunca mais teve qualquer dificuldade.
Terceiro – Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) não tinha uma ocupação que lhe permitisse angariar o seu próprio sustento. Acompanhava e assistia o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muitas vezes a fome o afligia de tal maneira, que lhe provocava desmaios. Amarrava uma pedra no estômago, para atenuar a dor da fome. Certa vez, estando com muita fome, juntou-se a Abu Bakr Siddik (Radiyalahu an-hu), que se dirigia para sua casa. Acompanhou-o, encetando conversa, até que chegaram à porta da casa de Abu Bakr, pensando que o ia convidar para entrar, a fim de lhe servir algo para comer. Mas Abu Bakr entrou na sua casa, sem o convidar. A mesma situação aconteceu com Umar (Radiyalahu an-hu). A seguir, passou Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), que se apercebeu da sua intenção, que o levou a casa dele. Tinham oferecido à casa do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), uma tigela com leite. Ele, o Profeta, mandou chamar as outras pessoas de Suffah (necessitados que não tinham lar e que se encontravam à responsabilidade do Profeta). Abu Huraira receou que não obteria nada daquela tigela, já que dificilmente o conteúdo da mesma dava para saciar a fome duma só pessoa, e os Suffah eram cerca de 70. Mas mesmo assim ele cumpriu com as ordens do Profeta a regressou com os restantes necessitados. Com as ordens de Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), ele deu de beber a cada um deles, que depois de saciados, passavam a tigela sucessivamente de uns para os outros. Depois restaram o Profeta e Abu Huraira. Com a ordem do Profeta, Abu Huraira não hesitou e bebeu até não puder mais. Depois entregou a tigela ao Profeta, que bebeu o que tinha sobrado.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. Wa ma alaina il lal balá gul mubin” “E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem”. Surat Yácin 36:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Allah, Senhor do Universo!”. 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41
Abdul Rehman Mangá