O JEJUM EM SITUAÇÕES ADVERSAS
No sul de Espanha existem milhares de trabalhadores muçulmanos. Uma parte é residente e outra é recrutada directamente na vizinha Marrocos. Alguns deles, à procura de melhores condições de vida, atravessam o mar em barcaças rudimentares. Os menos afortunados, foram apanhados e recambiados. Não se sabe o número exacto dos que morreram afogados. Também existem outros oriundos da Tunísia, Argélia e de outros países do Norte de África. A maior parte deles, homens e mulheres, trabalham na agricultura. Durante a época do verão, o calor é abrasador e insuportável, atingindo temperaturas acima dos 40 graus centígrados. Os empregadores, seguindo as leis das autoridades locais, obrigam os trabalhadores a beberem água com muita regularidade, a fim de se manterem hidratados. Os que se recusam, são despedidos com “justa causa”.
Como estamos no mês de Ramadan, muitos dos trabalhados vêm-se impossibilitados de cumprirem com este importante pilar do Isslam, por terem uma família imensa para sustentar, que muitas vezes inclui os pais. O salário mínimo que recebem pelos trabalhos árduos, mesmo pouco, é uma grande ajuda para a sua humilde sobrevivência. Sentem-se frustrados e resignados com a situação. “Procurai o auxílio (de Deus) na paciência (sabre) e na oração; na verdade isto é difícil, excepto para os que têm um espírito humilde”. – Cur’ane: 2:45
Uma situação inversa, passa-se, por exemplo em Portugal. O calor que se faz sentir, não é comparável ao de sul de Espanha. Alguns trabalhadores muçulmanos, apesar de terem boas condições de trabalho, nomeadamente instalações climatizadas, não fazem o jejum. Procuram diversos argumentos, para se tranquilizarem a eles próprios. Abu Huraia (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Aquele que come durante o mês de Ramadan (isto é, não jejua) sem nenhuma razão válida (aceitável perante a lei islâmica), nunca será capaz de recuperar aquele dia, mesmo que jejue o resto da vida.” – Bukhari.
Abdul Rehman Mangá